"Parece lícito ainda hoje supor que ocorreram certas transformações bastante significativas nas sociedades europeias ao longo dos séculos XV e XVI (...). Afinal, nem a modernidade propriamente dita, tal como nós hoje a identificamos, instaurou-se naquela época, nem se processou uma ruptura completa e abrupta entre a cultura medieval e a moderna."
(Falcon, Francisco & Rodrigues, Antônio Edmilson. A Formação do undo moderno. Rio de Janeiro, 2006, p.2)
1- Crise do Feudalismo e as Cruzadas
2- Renascimento Comercial e Urbano
3- Projeção da burguesia
4- Expansão Ultramarina
5- Formação das Monarquias Nacionais
6- Mercantilismo e Antigo Sistema Colonial
7- Renascimento Cultural
8- Reforma e Contra-Reforma
Entenderemos que inicialmente, a crise feudal foi produto de questões internas, ou seja, de antagonismos inerentes a qualquer sistema. No caso a produção limitada do mundo feudal torna-se inadequada ao crescimento demográfico que se acelera por volta do século XI na Europa Ocidental com o fim das invasões bárbaras. O aumento da exploração sobre os servos resultando em fugas e revoltas, acelera a crise já existente, agravando a problemática social para clericais e nobres.
Entender as Cruzadas como guerras patrocinadas pelo ocidente cristão contra a presença muçulmana onde quer que ela se encontre, mas, principalmente na Terra Santa (Jerusalém). Não negar o caráter religioso das cruzadas, porém não reduzi-las somente a esse aspecto. Livrar a Europa da pressão de servos descontentes e revoltosos, induzindo-os a uma perspectiva de sucesso espiritual e material, desviando a atenção para um inimigo comum (a servos e senhores) e externo; reduzir a densidade demográfica e conquistar terras, tentando assim eliminar, ou pelo menos minimizar a crise feudal; reunificar as duas igrejas cristãs (católica romana e ortodoxa). Eis aí os objetivos mais amplos desse movimento, que ao atingir Constantinopla com a quarta cruzada, reabriu o Mediterrâneo ao ocidente provocando o renascimento urbano e comercial.
No Renascimento Urbano e Comercial valorize as rotas (Mediterrâneo, mar do Norte e Champagne), as feiras e a organização do comércio com as guildas e hansas (ligas de comerciantes).
A produção manufatureira desenvolve-se em unidades próprias, as oficinas, com uma certa divisão do trabalho. As Corporações de Ofício organizando e tentando dar um certo padrão para a produção na Baixa Idade Média.
Concomitante ao comércio monetário destaca-se socialmente a projeção da burguesia que busca aproximar-se dos reis, representantes das monarquias nacionais (Estados Modernos). O rei consolidaria um Estado centralizado, intervencionista e protecionista aos negócios burgueses, unificando leis, idioma, exército e principalmente moeda, criando assim, condições favoráveis para o desenvolvimento do capitalismo comercial.
O monopólio italiano sobre o comércio oriental após as cruzadas, se estenderá até o início do século XV, quando Portugal assume a dianteira da Expansão Ultramarina, que culminará na colonização da América, partilhada principalmente por Portugal e Espanha.
O Antigo Sistema Colonial deve ser entendido como parte integrante do Antigo Regime europeu, representado economicamente pelo mercantilismo e politicamente pelo absolutismo. Nesse sentido ser colônia significa atender os interesses da economia central, mercantilista européia, fornecendo matéria prima tropical e consumindo manufaturas.
O Pacto Colonial, um pseudopacto na verdade, consolida essa relação de dependência da colônia. A colonização clássica do mercantilismo europeu será a de exploração, baseada no trabalho escravo, monocultura, latifúndio e produção voltada para o mercado externo. Desenvolve-se porém, em menor escala com características exatamente antagônicas, a colonização de povoamento em áreas menos tropicais.
É natural que essas transformações econômicas (comércio monetário), sociais (projeção da burguesia) e políticas (formação das Monarquias Nacionais) alterem também a questão cultural e religiosa.
Em Florença no século XIV inicia-se o Renascimento Cultural, que irá se espalhar pelo mundo europeu ao longo dos séculos XV e XVI, difundindo uma visão mais racional, antropocêntrica e humanista, contrária portanto ao dogmatismo e teocentrismo medievais.
Na Alemanha, no início do século XVI, surgirá Martinho Lutero, o monge agostiniano, que com suas "95 teses" representará o início da Reforma Protestante, uma grave cisão para o cristianismo ocidental. Um de seus discípulos, João Calvino irá consolidar a aproximação do cristianismo com o capitalismo nascente, desenvolvendo a teoria da "predestinação", que julgava o acúmulo de bens e a estabilidade material como sinal de salvação. A reação da Igreja Católica torna-se oficial em 1545 com o Concílio de Trento.
Em Renascimento Cultural valorize menos as obras e autores e mais os antecedentes, características e desdobramentos. Em Reforma Protestante, além de sua contextualização, valorize seu significado histórico e sua relação com a burguesia e o capitalismo nascentes. Na reação católica, Contra-Reforma, a reorganização da Inquisição, a Companhia de Jesus e o Index, merecem destaque especial.
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