sexta-feira, 29 de junho de 2012

Dica de Cinema: Ali




  • Sinopse
Cassius Clay (Will Smith) era um grande lutador nos ringues de boxe e uma pessoa inteligente fora deles, onde impressionava pelo seu fácil palavreado. Ele logo se tornou uma das principais personalidades do esporte mundial nos anos 60, principalmente após se converter ao islamismo, trocar seu nome para Muhammad Ali e se recusar a lutar na Guerra do Vietnã.

  
Cinebiografia de um dos maiores esportistas de todos os tempos deixa a desejar pelo mau balançeamento de idéias.

Anunciado como uma das grandes promessas ao Oscar de 2002, o filme sobre a vida de Muhammad Ali foi uma obra tão pretensiosa quanto o personagem, mas com um resultado infeliz, assim como o destino do mesmo. Ele conta a história de Cassius Clay, que convertido ao islamismo, mudou o nome para Muhammad Ali, um dos maiores lutadores de boxe dos EUA.
O filme mostra o início da carreira do lutador, as conquista do título de campeão peso-pesado, a perda do título ao tentar lutar contra o sistema - ele havia sido dispensado do serviço militar, mas com a entrada dos EUA na Segunda Guerra, havia uma forte pressão para ele se alistar como voluntário; por se negar a isso, tiraram-lhe o título de campeão - e seu esforço para reconquistá-lo.
Não que o filme seja ruim, mas o enredo poderia ter sido muito melhor aproveitado. O começo é muito bom, mostrando a vida do personagem com uma interessante interação com o pastor militante Malcon X - particularmente, acho as cenas de Malcon X as mais interessantes do filme. Mas ainda assim de forma bastante morna e, o pior, do meio em diante o filme passa de morno a arrastado, o que, nem é preciso dizer, prejudica bastante o ritmo.
É complicado analisar o desempenho de um ator ao interpretar um personagem real, ainda mais quando não se conhece bem a biografia do personagem, mas não sei se a escolha de Will Smith para o papel principal tenha sido a certa. Ele é um ator meio burocrático, às vezes vai muita bem, às vezes mais ou menos, às vezes mal... E, em Ali, ele foi apenas razoável e bastante burocrático.
Do jeito que você vê o ator no começo do filme, vai ser o jeito que ele estará no final.  Independente de ele estar em um momento feliz, apaixonado ou nervoso. Parece que o verdadeiro Muhammad Ali era um homem arrogante, mas Will Smith não conseguiu nem ser totalmente arrogante e nem simpático. Então, fica uma sensação de "tanto faz o que acontecer com ele...", e isso prejudica a luta final, pois como não se sente nem simpatia ou antipatia pelo personagem, apenas se assiste, sem grandes emoções.
Outra coisa negativa é que se passam anos, mas não se vê o personagem envelhecer um único dia. Nem mesmo um fio de cabelo branco na cabeça. Mas como todo filme de boxe, Ali tem algumas cenas de luta. Talvez elas também pudessem ser melhores aproveitadas, o que daria uma maior movimentação ao filme, mas infelizmente lutas não são o atrativo do filme, com exceção da última, que tem ótimas cenas, mas ela demora tanto para acontecer que a única sensação que inspira é a pressa de acabar logo.
No final, o filme mostra um resumo biográfico do personagem após aqueles acontecimentos, suas conquistas, paixões, etc. Mas ocultam que o ex-lutador atualmente sofre do mal de Parkinson - uma grande falha para um filme com pretensões biográficas. Mas apesar valeu a pena!



        

Muhammad Ali | Homens que você deveria conhecer

Seria fácil falar de um atleta medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma em 1960, campeão mundial e defensor do título dos pesos pesados por tantos anos, considerado por muitos especialistas o maior pugilista de todos os tempos.
Mostrar o número de vitórias, derrotas e títulos conquistados apenas quantificaria a vida deste esportista que hoje sofre do Mal de Parkinson – provavelmente desencadeado pelas pancadas sofridas enquanto lutava*. Para falar de Muhammad Ali nós temos de ir um pouco além do esporte. Sua vida ajuda a entender um pouco das décadas de 1960 e 1970.

Clay ou Ali?
Muhammad Ali nasceu Cassius Clay em 17 de janeiro de 1942 e só em 1964 anunciou que havia se convertido ao islamismo e mudado de nome, após vencer Sonny Liston e conquistar o título mundial pela primeira vez. O mais engraçado era que Ali já tinha contato com a religião islâmica há um certo tempo e gostava de ouvir o que o amigo Malcolm X tinha a dizer sobre os ensinamentos de Alah, mas nunca admitiu publicamente sua preferência religiosa antes de ser campeão do mundo.
Para saber mais sobre este assunto, pesquisem sobre Malcolm X e seu mentor, Elijah Muhammad. Se eu fosse explicar essa história em detalhes o texto ficaria gigante.

A amizade com Malcolm X e a conversão ao islã ajudam Ali a tomar uma decisão que quase acabou com a sua carreira de boxeador: alistado no exército em 1964, foi aceito em 1966, mas se recusou a atender ao chamado da USARMY para lutar no Vietnã.
Maluquice de Ali? Antipatriotismo? Ou simples vontade de aparecer, como hoje em dia grandes esportistas mundiais adoram figurar em cadernos de jornais e sites de fofocas? Nenhuma destas coisas. Talvez você não tenha vivido a década de 1960 (eu não vivi), mas Ali não quis “aparecer”. Talvez alguém tenha bradado em uma esquina um “antipatriota” ao ver Ali andando na rua – e grande parte da opinião pública foi contra sua recusa –, mas esta decisão de Ali foi mais que simplesmente defender ou não as cores de seu país em uma guerra. Vamos raciocinar.
Ali nesta época já era bem famoso para o tempo dele, reconhecido facilmente pelas ruas, com fãs espalhados por todo os EUA. Sua amizade com Malcolm X não apenas o aproximou do islamismo como do Movimento pelos Direitos Civis dos Negros – encabeçado por Martin Luther King e transformado em uma luta nacional dos negros desde meados da década de 1950. Em 1966 os movimentos “Paz e Amor”, completamente contrários à guerra do Vietnã, também já estavam rolando a todo vapor nos EUA.


Muhammad Ali realmente não queria ir à guerra. Além de não querer, sua religião não permitia – nunca permitiu – que os fiéis tomassem partido de lutas que não fossem convocadas em nome de Alah ou Maomé. Sem querer (ou não), ele acabou dando um exemplo a favor da paz. Uma frase de Ali que ficou famosa sobre sua recusa de servir ao exército no Vietnã foi:
“I ain’t got no quarrel with them vietcong… They never called me nigger.”
[Eu não tenho problema algum com os vietnamitas... Eles nunca me chamaram de crioulo.]
Peitar a USARMY em um dos momentos mais sufocantes da história deste corpo militar, enquanto boa parte da mídia ainda defendia com unhas e dentes a presença do país em uma guerra que já estava bem cascuda para os EUA… Pensando bem, Ali era maluco!
A propósito, conta a lenda que Ali, após voltar de Roma campeão olímpico, teria jogado em um rio sua medalha depois de não ser atendido em um restaurante, pois o local não atendia negros. Esta história nunca foi 100% confirmada, mas o fato é que nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, Ali recebeu do COI uma nova medalha para substituir a original.

Toda decisão tem suas consequências

Ao recusar a convocação, Ali ficou preso por um tempo. A Comissão Atlética de Nova Iorque suspendeu sua licença de boxe e retirou seu título de campeão mundial. Julgado em 1967, Ali foi considerado culpado, mas o caso chegou à Suprema Corte. Entre idas e vindas judiciais, Ali ficou mais de quatro anos sem poder subir em um ringue.
Durante esse tempo forçosamente livre, fez diversas palestras em escolas e universidades espalhadas pelos EUA, conversando com milhares de jovens sobre a guerra do Vietnã, os direitos civis dos negros, suas vitórias no boxe. Era um negro nascido em uma família pobre e mesmo vencendo na vida com – literalmente – muita luta, era, de certa forma, um ídolo perseguido pela opinião pública por desafiar a USARMY em nome da paz.
Em 1970, enquanto os EUA estavam atolados na guerra até o pescoço e levavam uma surra homérica de um monte de guerrilheiros de olhinhos puxados, Leroy Johnson, senador pelo estado da Geórgia, conseguiu junto à Comissão Atlética de Atlanta uma licença para Ali voltar a lutar no estado. Foi questão de tempo para o monstro voltar aos ringues e a comissão de Nova Iorque considerar a cassação de sua licença “uma injustiça”.
Em 8 de março de 1971, em um Madison Square Garden lotado e com a luta transmitida para todo o país, após 15 rounds disputadíssimos, Muhammad Ali venceu Joe Frazier, um patriota que declarou em entrevista antes da luta que “teria ido ao Vietnã lutar pelos EUA se não fosse pai”. Cá entre nós… assim até eu viro o Rambo!


Entre defesas de títulos, derrotas e vitórias, Ali ainda reconquistaria o título mundial em uma grande luta contra George Foreman – aquele mesmo do grill que faz coisas gordurosas – no Zaire, em 1974, conhecida como “The Rumble in the Jungle” e transmitida para o mundo todo.
Procurem um livro chamado A Luta, de Norman Mailer, e o documentário Quando éramos reis, de Leon Gast, lançado em 1996. Os dois retratam a luta do Zaire de forma excepcional.
Ali encerrou sua carreira em 1981, após uma derrota para Trevor Berbick, já sem muita condição de lutar no mesmo nível de seus bons tempos. Realmente era hora de parar. Hoje em dia Ali – presença máxima do Hall da Fama do Boxe – contribui com trabalhos de caridade em várias partes do mundo. Em Louisville está instalado o Muhammad Ali Center, onde podemos encontrar tudo sobre sua carreira e seus trabalhos sociais.
Em 2005 Ali recebeu do então presidente George W. Bush a Medalha Presidencial da Liberdade, honraria concedida aos cidadãos norte-americanos que contribuem de forma positiva para o país.

 Texto extraido do Blog: http://papodehomem.com.br/

 Trailer do Filme: Ali - 2001


                  

 Sonny Liston vs Cassius Clay (Original) 1964
                                       
Quando eramos Reis
Excelente Documentário


 

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